O país estava em guerra novamente. Uma verdadeira devastação. Tudo o que se podia comer, vender, ou que valesse um mísero centavo, os inimigos levavam. Estávamos vivendo uma pobreza extrema. Não aguentava ver mais minha mãe chorando por falta de comida. Naquele dia os homens da casa estavam se preparando para o combate. Mas eu não quis ir. "Seu covarde! Você nem merece ser chamado de homem!" As palavras do meu pai eram como uma espada atravessando minha alma. Desde pequeno meus irmão também me chamavam de medroso. Parecia que eu estava destinado a ser assim pra sempre. Eu era escravo do meu medo. Corri para o campo, vi que ainda nos restava um pouco de trigo. Pensei em escondê-lo dos inimigos no tanque de prensar uvas. Comecei a malhar* o trigo discretamente com medo de ser percebido.
Passaria a vida inteira me escondendo? Será que algum dia eu veria fartura em minha casa? Comer sem medo se vamos estar vivos no outro dia. Plantar tendo a certeza de que vamos colher. Meus bisavós contavam que quando eles chegaram nessa terra era como um sonho. Fartura de tudo. Tinham comida, dinheiro e Deus parecia estar sempre do lado deles. Era só um sonho mesmo, agora eu vivia a realidade.- Deus está com você, poderoso guerreiro!
Parecia que um anjo falava comigo. Mas como? Como Deus está comigo em meio a tanta miséria e pobreza? Deus estaria num lugar desse?
- Com a força que você tem liberte seu país!
- Como vou lutar se tenho medo e não tenho armas, nem exército, nem dinheiro, nem coisa nenhuma!
- Eu, o Senhor, estarei com você!
Será que a fome me fez delirar? Que voz é essa, que pensamentos são esses? Eu vi um anjo, mesmo? Corri pra dentro de casa. E me dei conta: Foi o Deus dos nossos antepassados que falou comigo! Eu me sentia diferente. O medo se dissipou, uma coragem veio sobre mim, não sei da onde. Nunca tinha me sentido assim em toda a minha vida. Agora com certeza eu não seria mais um fracassado.
Continua na próxima semana...
Nenhum comentário:
Postar um comentário